Nessa reengenharia tributária, o Imposto de Renda, os impostos sobre propriedade, as contribuições previdenciárias - tanto da parte do empregado, quanto do empregador -, e os impostos de importação e exportação não sofrem qualquer alteração. "Se começar a tributar a grande propriedade, a pessoa muda de ativo. Não se tributa o estoque. A grande fortuna não é representativa em termos de arrecadação. O que você precisa tributar é o fluxo", justifica.
Hauly também disse que a proposta pretende zerar o imposto sobre a compra de máquinas e equipamentos. "Nosso país é o único no mundo que cobra isso, na contramão do desenvolvimento", avalia.
Atualmente, 51% da carga tributária brasileira recai sobre bens e serviços, enquanto 18% incide sobre a renda. Isso significa que o peso dos tributos é maior sobre os mais pobres. "Quem ganha R$ 1 mil paga R$ 539 entre tributos diretos e indiretos. O sistema é injusto e na contramão do desenvolvimento, já que onera o consumo", critica o deputado. "É por isso que pretendemos deslocar parte da tributação sobre o consumo para a renda", acrescenta.
A respeito do "cabo de guerra" que se estabelece quando se discute tributos e partilha com estados e municípios, Hauly diz confiar no bom senso diante da situação em que o País se encontra. "Todo mundo perdeu muito com essa crise. Esse trabalho não só visa um Brasil melhor e mais justo para os brasileiros, mas também leva em consideração que, se não for feito, vamos levar de 10 a 15 anos, ou até 20 anos, para recuperar o que perdemos em seis anos."
O presidente do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), José Roberto Ricken, que acompanhou o evento, chama a atenção que as distorções criadas pelos atual sistema tributário brasileiro inviabilizou algumas atividades econômicas como a cadeia do algodão. "As empresas de fiação pararam com a atividade. Assim como no trigo, onde o Paraná é o maior produtor, o importado vem desonerado e concorre conosco. Não tem lógica. Fazem partes das coisas que foram penduradas nesse cabide da tributação brasileira", aponta Ricken.
O Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR) avalia a proposta como positiva. "Se for colocada em prática, trará um enorme ganho ao País", comenta a presidente do Corecon-PR, Maria de Fátima Miranda. "O estados precisam concordar com isso e o excesso de custo do governo também precisa ser revisto", acrescenta Ricken.
Fonte: Folha de Londrina