O governo vinha lançando Refis atrás de Refis [programa de renegociação de débitos] e, com isso, o contencioso bom não chegava ao Judiciário.
Por que isso é um debate importante neste momento?
O governo está tomando uma série de ações para pressionar as empresas, como a medida provisória 685, que chamamos de “dedo duro”. Ela diz que, se a empresa não avisar ao governo sobre seu planejamento fiscal, pagará multa de 150% mais o imposto. Houve ainda a portaria determinando maior rigor dos procuradores da Fazenda. Ao mesmo tempo que olha o cardápio de impostos para ver onde pode aumentar a arrecadação, o governo está asfixiando as empresas. Isso vai desaguar no Judiciário. E lá as companhias vão bater com a cabeça na parede.
Mas não é justamente o dever do fisco autuar?
Sim, mas o fisco está exageradamente fiscalista, com interpretações equivocadas. Das autuações, 30% são com multa agravada, que são as multas de 150%. São multas confiscatórias. O juro cobrado é a taxa Selic. Imagina um débito de dez anos com essa taxa? Esse conjunto de coisas impede que uma empresa séria discuta o débito. É difícil, claro, dizer qual lado está certo. Mas a verdade é que isso vai desembocar num problema grave. Teremos um choque.
Fonte: Folha de S.Paulo